O câncer é uma das doenças mais temidas na atualidade. Ainda que existam muitas formas de tratamento e a ciência tenha avançado bastante na área da oncologia, o diagnóstico precoce continua sendo a melhor forma de combater a doença.
Por isso, o rastreamento preventivo é uma ferramenta importante na prevenção e detecção precoce do câncer em homens e mulheres.
Essa medida simples pode fazer toda a diferença na vida das pessoas, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade causada pela doença.
Neste artigo, abordaremos os tipos de câncer e a indicação correta de rastreio preventivo.
Câncer de colo do útero
O rastreamento preventivo para o câncer de colo do útero é feito por meio do exame de Papanicolau, também conhecido como preventivo.
O exame é simples e indolor, e consiste na coleta de células do colo do útero para análise em laboratório.
O procedimento é realizado em consultório médico, e a mulher deve estar com a bexiga vazia e não ter relações sexuais, não usar duchas, cremes vaginais, ou medicamentos vaginais por pelo menos 48 horas antes do exame.
O exame de Papanicolau é recomendado para mulheres a partir dos 21 anos de idade, ou a partir do início da vida sexual, e deve ser realizado anualmente ou de acordo com a orientação médica.
O objetivo do exame é detectar precocemente lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas no colo do útero, antes que se desenvolvam em estágios mais avançados.
Em casos de resultado alterado no exame de Papanicolau, é necessário realizar outros exames para confirmar o diagnóstico, como a colposcopia, que é um exame que permite visualizar o colo do útero com mais detalhes. Em alguns casos, pode ser necessário fazer uma biópsia para avaliação mais precisa da lesão.
Câncer de endométrio
O rastreamento preventivo para o câncer de endométrio pode ser feito por meio da avaliação dos sintomas e sinais apresentados pela paciente em conjunto com a ultrassonografia transvaginal.
A ultrassonografia transvaginal permite avaliar com mais precisão as camadas do endométrio, identificando possíveis espessamentos ou anormalidades que possam indicar a presença de tumores.
Se existirem alterações em exames de imagem e conforme a avaliação do médico, deve ser realizada uma videohisteroscopia com a biópsia endometrial, que consiste na coleta de uma amostra de tecido do endométrio para análise em laboratório.
O rastreamento preventivo para o câncer de endométrio é importante, especialmente para mulheres que apresentam fatores de risco para a doença, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, história familiar de câncer de ovário ou mama, menopausa tardia, entre outros.
É importante ressaltar que a realização de exames preventivos não é capaz de prevenir completamente o câncer de endométrio, mas pode ajudar a identificar a doença precocemente, aumentando as chances de sucesso no tratamento.
Por isso, é fundamental que as mulheres realizem exames ginecológicos regulares e fiquem atentas aos sinais e sintomas do câncer de endométrio, como sangramento vaginal anormal, dor pélvica, corrimento com odor desagradável, entre outros. Caso detectado precocemente, o câncer de endométrio pode ser tratado com sucesso, permitindo que a paciente tenha uma vida saudável e plena.
Câncer de mama
O rastreamento preventivo para o câncer de mama é uma das formas mais eficazes de detectar precocemente a doença e aumentar as chances de cura.
A principal forma de rastreamento é a mamografia, um exame de raio-X que permite a visualização do tecido mamário.
Recomenda-se que mulheres a partir dos 40 anos realizem a mamografia todos os anos. Já as mulheres com maior risco para desenvolver câncer de mama, como aquelas com histórico familiar da doença, podem precisar iniciar o rastreamento em uma idade mais precoce e/ou realizar exames adicionais, como a ressonância magnética.
Além da mamografia, o autoconhecimento das mamas é importante para mulheres a partir dos 20 anos de idade, como uma forma de conhecer bem o próprio corpo e detectar precocemente quaisquer alterações.
Câncer de ovário
O câncer de ovário é conhecido por ser difícil de ser detectado em seus estágios iniciais, já que seus sintomas são vagos e podem ser facilmente confundidos com outros problemas de saúde.
Portanto, não há um exame específico de rastreamento para o câncer de ovário como há para o câncer de colo de útero e de mama. No entanto, existem alguns testes e exames que podem ser realizados para ajudar na detecção precoce desse tipo de câncer.
Um desses exames é a ultrassonografia transvaginal, que permite a visualização dos ovários e pode detectar alterações suspeitas que precisam ser investigadas.
Além disso, também pode ser feita uma análise do marcador tumoral CA-125, uma proteína que pode estar presente em níveis elevados no sangue de mulheres com câncer de ovário.
No entanto, esse exame não é específico para o câncer de ovário e pode apresentar resultados alterados em outras condições.
É importante destacar que o rastreamento preventivo para o câncer de ovário é indicado apenas para mulheres com maior risco, como aquelas com histórico familiar de câncer de ovário ou de mama, mulheres que apresentam mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2, ou mulheres que tiveram câncer de mama antes dos 50 anos. Em casos de suspeita de câncer de ovário, o médico pode solicitar outros exames complementares, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, para auxiliar no diagnóstico.
Câncer colorretal e pólipos
O rastreamento preventivo para o câncer colorretal e pólipos é uma estratégia importante para a detecção precoce e prevenção da doença.
Existem diferentes métodos de rastreamento disponíveis, e o mais adequado pode variar de acordo com a idade, histórico familiar, presença de sintomas e outros fatores de risco individuais.
O método mais comum de rastreamento é a colonoscopia, um exame em que um tubo flexível com uma câmera na ponta é inserido pelo reto e permite visualizar todo o cólon e reto.
A colonoscopia pode identificar pólipos, que são pequenas lesões que podem evoluir para câncer, e retirá-los durante o próprio exame.
Outros métodos de rastreamento incluem o teste de sangue oculto nas fezes, em que são detectadas pequenas quantidades de sangue que não são visíveis a olho nu, e a sigmoidoscopia, que é semelhante à colonoscopia, mas examina apenas a parte inferior do cólon e reto.
Recomenda-se que pessoas com risco médio para câncer colorretal e pólipos comecem o rastreamento aos 50 anos, enquanto aqueles com maior risco podem precisar iniciar mais cedo ou realizar exames com maior frequência.
É importante conversar com um médico para determinar qual é o método mais adequado e a frequência ideal para o rastreamento.
Câncer de próstata
O rastreamento preventivo de câncer de próstata é realizado através do exame de toque retal e do exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico).
O exame de toque retal é feito pelo médico, que insere o dedo no reto para verificar o tamanho, a textura e a forma da próstata.
O exame de sangue PSA mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata, e valores elevados podem indicar a presença de câncer ou de outras doenças na próstata.
É importante ressaltar que nem sempre um valor elevado de PSA indica a presença de câncer, e que os resultados dos exames devem ser interpretados pelo médico especialista.
O rastreamento deve ser feito a partir dos 50 anos de idade para homens sem fatores de risco, ou a partir dos 45 anos para homens com histórico familiar de câncer de próstata.
Conclusão
O rastreamento preventivo é uma importante medida de prevenção do câncer, já que a detecção precoce da doença aumenta as chances de sucesso no tratamento e pode evitar a progressão da doença para estágios mais avançados.
Por isso, é importante que homens e mulheres façam exame de rastreio preventivo regularmente e sigam as orientações médicas.
Dra. Rita Rocha – Cirurgiã e Oncologista
CRM: 1092936-RJ / RQE RJ 39151